Plataforma de Inteligência Artificial ambiciona revolucionar o rastreio da Doença de Alzheimer

Esta tecnologia revolucionária foi criada pela iLoF, uma empresa de saúde digital pioneira na utilização de uma nova plataforma de inteligência artificial, em colaboração com o Centro Hospitalar São João e o grupo Luz Saúde.

Alois Alzheimer, psiquiatra e neuropatologista alemão, descreveu pela primeira vez em 1906 a doença neurodegenerativa que anos mais tarde ganharia o seu nome. Desde a sua descoberta, a Doença de Alzheimer, como a conhecemos hoje, passou a afetar 55 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Nos últimos 14 anos, têm sido desenvolvidos esforços para conseguir diagnosticar atempadamente e tratar esta condição. No entanto, cerca de 400 estudos clínicos depois, o diagnóstico precoce ainda não é uma realidade.

Reconhecendo a importância de colmatar esta problemática, a líder farmacêutica Roche juntou-se à consultora de inovação colaborativa Beta-i, com o programa Building Tomorrow Together – Innovation in Dementia, para encontrar soluções digitais que melhorem a qualidade de vida e a jornada de pacientes com demência e Doença de Alzheimer. Esta iniciativa pretende juntar o conhecimento e experiência clínica de instituições de saúde portuguesas com a força disruptiva de startups deste setor, para impulsionarem o desenvolvimento de perspetivas inovadoras na abordagem destas patologias.

No âmbito do programa, a iLoF, empresa de soluções digitais para o sector da saúde, colaborou com o Centro Hospitalar de São João (CHSJ) e o grupo Luz Saúde (Learning Health) para reforçar a eficácia do rastreio da Doença de Alzheimer e de outras demências, através da aposta na criação de uma biblioteca digital de biomarcadores e da utilização de inteligência artificial (IA).

De acordo com Luís Valente, CEO e Co-fundador da iLoF, “a nossa plataforma partiu da ideia de que novos e eficazes tratamentos não podem ser pensados e criados apenas de forma generalizada, sendo que existem patologias heterogéneas, como a Doença de Alzheimer, em que cada paciente demonstra uma expressão e evolução clínica diferente”. Aplicando os princípios da medicina personalizada a este caso, a empresa construiu uma plataforma de IA que utiliza a luz para gerar impressões moleculares óticas de diferentes amostras de pacientes com diferentes tipos de demência e em distintos estádios da doença de Alzheimer.

Os sinais recolhidos são armazenados na biblioteca digital de “impressões digitais” óticas. Estas réplicas digitais de fluidos biológicos, como os derivados do sangue, podem ajudar os profissionais de saúde a detetar alterações precoces no cérebro devido à sua forte correlação biológica, tendo um grande potencial para serem utilizadas na monitorização da saúde e de vários processos que ocorrem no corpo humano – evidenciando não só as funções normais, mas também as que podem revelar a possível progressão de doenças.

A introdução da ferramenta de IA da iLoF sugere um método não invasivo de rastreio que pode suavizar o primeiro contacto com a doença e oferecer mais conforto aos pacientes. Além disso, a plataforma tecnológica da empresa promete uma implementação clínica simples e precisa, necessitando apenas de uma única amostra de plasma (derivada de 25μL de sangue) e de uma triagem rápida (feita em menos de 30 segundos) para poder rastrear diferentes classes de demência e contrariar o atual processo que requer vários exames.

O CHSJ e o grupo Luz Saúde (Hospital da Luz Lisboa, com coordenação da Learning Health) juntaram-se ao programa e colaboraram no desenvolvimento desta solução com a iLoF, fornecendo as amostras de plasma necessárias de pacientes com demência clinicamente comprovada, para serem processadas e testadas pela plataforma. Sobre a aplicação prática da tecnologia, Dra. Sofia Oliveira, neurologista do Grupo Luz Saúde,  afirma que “esta ferramenta de rastreio terá um potencial significativo para ser inserida nos serviços de saúde e para contribuir para a modernização do sistema de saúde nacional no futuro, apesar de ainda se encontrar em fase de desenvolvimento.”

A assistência clínica dos profissionais da Luz Saúde, bem como a colaboração do CHSJ na avaliação e recrutamento de doentes para participação no estudo, têm sido fundamentais para testar e validar esta solução. O objectivo do programa de recolher amostras de 75 doentes clinicamente confirmados até ao final da fase piloto foi alcançado com sucesso. O estudo continuou inclusivé o processo de inclusão, tendo sido alargado a outras instituições com o intuito de incluir até 1500 doentes.

Procura-se também a colaboração de outros hospitais nacionais, sendo que, segundo Luís Valente da iLoF, “o objetivo final será alcançar uma amostra total de mais de mil pessoas – 1500 amostras biológicas diferentes – que permita a deteção do maior número possível dos vários tipos de demência existentes”.

A aplicação  prática da solução vai depender do financiamento adequado e do fornecimento de infraestruturas, que têm sido garantidos pelo Building Tomorrow Together – Innovation in Dementia, pela Roche, Multicare e Beta-i, mas também da continuação deste esforço e colaboração entre a iLoF e as entidades de saúde portuguesas, como o CSHJ e o Luz Saúde (Learning Health).

Implementar esta solução de rastreio não invasiva permitirá melhorar o acompanhamento dos doentes e também contribuir para combater o  problema de saúde pública que são as demências. Num momento em que se estima que uma pessoa desenvolva demência a cada três segundos, esta é ainda mais uma ajuda na corrida contra o tempo.